As vantagens de ser um escritor digital


Sou autor de 5 e-books em regime auto-publicação pela Kindle/Amazon. Estou próximo de lançar o sexto. Para escritores compulsivos como eu, é a melhor coisa que podia ter acontecido.
Já publiquei livros em papel também. Mas as vantagens do digital são absolutas. Digo isso como autor e leitor. O livro de papel a gente entrega para as editoras, espera muitos e muitos meses por uma resposta. Mesmo que ela seja positiva, outros longos meses se passarão antes que chegue aos pontos de venda. Se tiver algum erro, o livro terá que ser vendido em sua totalidade para ter a chance de uma segunda edição. A não ser em casos excepcionais, as vendas se restringem ao Brasil, mais provavelmente ao circuito das grandes capitais. Para cada livro vendido, o autor ganha 10% do preço de capa. Os relatórios de venda são imprecisos, raros e fora do controle do autor.
Como autor de livros digitais autopublicados, minha situação é muito diferente. O processo de colocar o e-book no mercado tem a velocidade de alguns cliques e nenhuma interferência externa. Eu mando no processo. Se cometi algum erro, coloco uma edição corrigida no ar quando quiser. Tenho acesso imediato aos mercados dos EUA, Canada, Índia, França, Espanha, Itália, Alemanha, Japão e Austrália além do mercado global (via Amazon.com). Para cada livro vendido recebo 70% do preço de capa. Relatórios de venda são atualizados a cada clique no mouse.
Num país culturalmente tão carente quanto o Brasil, o livro digital pode exercer uma dupla função. Por um lado, ele proporciona uma ampla democratização do ato de se publicar. Assim como o YouTube colocou um canal de vídeo nas mãos de cada pessoa, o e-book faz de cada escritor seu próprio editor. E isso pode multiplicar o número de pessoas que escreve livros. Como não sou um elitista esnobe, acho isso muito bom.
Por outro lado, o livro digital pode dar um empurrão nas vergonhosas estatísticas sobre o número de brasileiros que leem regularmente. Quando desmistificamos o ato de ler, a tendência é que o número de leitores cresça muito. Eu mesmo só leio livros de papel se não houver outra opção. Hoje meus livros estão no iPad, no celular, no computador. E eu acho que nunca li tanto, pois minha biblioteca me acompanha no bolso da calça.
O livro de papel se tornou economicamente irracional e ecologicamente injustificável. Claro que continuará existindo, especialmente em edições de luxo. Mas vai ter que dividir melhor o mercado com o e-book. Nós, autores/editores digitais ainda enfrentamos uma forte barreira de velhos preconceitos. Mas tanto o tempo quanto a razão estão ao nosso lado.
(Publicado originalmente no LinkedIn)

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